quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Infectadas pelo vírus Zika brasileiras optam pelo "aborto preventivo" dos seus bebês

Mulheres casadas, com educação de nível superior e boas condições financeiras que queriam ser mães. Engravidaram, mas foram diagnosticadas com o vírus Zika. Diante dos elevados números de casos de bebês com microcefalia decorrente desta infecção, tomaram uma decisão pelo suposto bem maior: abortar antes mesmo do diagnóstico da malformação.
Esses casos foram relatados em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, do dia 31 de janeiro. Segundo a publicação, médicos contaram sobre gestantes que estavam entre a sexta e a oitava semana e resolveram interromper a gravidez clandestinamente usando o misoprostol (Citotec), cuja venda está proibida nas farmácias desde 1998.
Segundo a Folha procedimentos para abortar custam entre R$5.000 e R$15.000, em clínicas particulares, dependendo do estágio da gestação.
A reportagem cita o caso de duas grávidas de São Paulo, atendidas pelo infectologista Artur Timerman. O médico contou que, após confirmado que estavam com Zika, elas o perguntaram sobre os riscos de o bebê ter microcefalia. Dr. Timerman disse ter explicado que havia sim um risco, mas ele não saberia estimar a porcentagem de certeza. Diante disso, elas decidiram abortar. “Em nenhum momento eu disse faça ou não faça”, afirmou o médico.
Outro caso foi assinalado pelo ginecologista Ana (que preferiu não dar o sobrenome). Ela recordou que, no Nordeste do país, atendeu três mulheres que, após a confirmação do Zika, optaram pelo aborto. A médica constatou: “Não quiseram esperar para ver”.
Diante desses casos chamados muitas vezes de “abortos preventivos”, a presidente do Movimento Brasil Sem Aborto e doutora em microbiologia, Lenise Garcia, declarou em entrevista ao site da Arquidiocese de Brasília que a interrupção da gravidez por causa da microcefalia pode ser considerada eugenia (seleção da espécie).