Já faz 20 anos que a Pastoral dos Surdos
funciona na Basílica do Imaculado Coração de Maria, no Méier, respeitando a
identidade e a cultura das pessoas com deficiências auditivas e valorizando a
vida e todas as suas potencialidades. Atualmente, o grupo é frequentado por 34
pessoas surdas.
Confiada aos padres claretianos, a paróquia é
uma das sete na cidade do Rio de Janeiro que conta com a presença de
intérpretes de Libras, (Língua Brasileira de Sinais), utilizada como
instrumento e mediação do diálogo com os outros e com Deus.
Além de possibilitar aos surdos um espaço
dentro da comunidade paroquial para o testemunho de vida cristã e o engajamento
nos diversos serviços e ministérios, o trabalho pastoral busca eliminar o
preconceito, o individualismo e a discriminação, presente ainda hoje nas
famílias, nas escolas e no mundo do trabalho.
Margareth Maria Lessa Gonçalves, intérprete
da paróquia, contou que a Pastoral dos Surdos nasceu a partir da vontade de um
grupo de surdos de participar da paróquia. “Um grupo de surdos veio à paróquia
perguntar se haveria alguém disposto a aprender e ensinar a língua de sinais
para que eles pudessem participar das celebrações da Basílica do Imaculado
Coração de Maria. O pároco, na época, concordou e o trabalho foi iniciado”.
A pastoral busca integrar o surdo com a
Igreja, permitindo o contato com a fé
católica, na vivência de espiritualidade de proximidade e misericórdia.
São ações que visam uma vida em comunidade, sem preconceito, exclusão e
individualismo. A tarefa principal da pastoral é a promoção humana através do
anúncio de Jesus Cristo.
Segundo a intérprete, conforme o tempo passa,
os surdos vão entendendo as celebrações e passam interagir de forma prática.
Isto é também um dos objetivos do trabalho realizado na paróquia. “Procuramos
formar pessoas capazes de catequizar e dirigir celebrações, superando as
dependências de cada um”, afirmou.
A paróquia também dispõe de uma oficina para
pessoas que queiram aprender o universo da Língua Brasileira de Sinais. “É um
espaço aberto para moradores do bairro que querem aprender um pouco desta
cultura e ajudar no trabalho”, explicou Margareth, que percebe esta ação como
uma forma de multiplicar a questão da acessibilidade.
Margareth enxerga na existência da pastoral a
importância da prática da fraternidade, da igualdade e da vivência do amor de
Deus. “Somos todos filhos de Deus, e nas pastorais vemos isso. Filhos de um
Deus que ama a todos de forma igual. É essa acessibilidade, de que todos os
filhos de Deus possam vir à casa do Pai”, concluiu.
Referência em trabalho social, a comunidade
da Basílica do Imaculado Coração de Maria participou da Peregrinação da
Pastoral da Pessoa com Deficiência (Pasped) à Porta Santa na Catedral de São
Sebastião, no dia 11 de junho, e na semana seguinte foi para Londrina
participar do Encontro das Obras Sociais dos Claretianos no Brasil, junto com o
pároco Júlio Cesar Melo Miranda.
Fonte:
Jornal Testemunho de Fé, página 8