quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Papa a crianças autistas: como as flores, cada um de nós é belo aos olhos de Deus

 

A delegação do Centro para o Autismo “Sonnenschein”, que na tradução literal significa “Brilho do Sol”, veio da Áustria para encontrar o Papa Francisco nesta segunda-feira (21). O Pontífice, ao se dirigir ao grupo no Vaticano, também encoraja entidades no mundo inteiro empenhadas em cuidar de crianças autistas, que têm "uma beleza única aos olhos de Deus”: “tudo o que vocês fizeram a um só destes pequenos, vocês fizeram a Jesus!”.



“Sejam bem-vindos aqui no Vaticano. Estou feliz em ver o rosto de vocês e leio nos seus olhos que também vocês estão felizes em estar um pouco comigo.”

Assim começou a semana cheia de esperança do Papa Francisco ao receber, no Vaticano, um grupo de crianças, pais e colaboradores provenientes do Centro para o Autismo “Sonnenschein”, da Áustria, que na tradução literal significa “Brilho do Sol”. Na saudação aos pequenos, durante o encontro desta segunda-feira (21), o próprio Pontífice procurou descrever o nome da estrutura:

“Posso imaginar porque os responsáveis escolheram esse nome. Porque a casa de vocês parece um magnífico gramado florido sob o brilho do sol, e as flores desta casa são exatamente vocês! Deus criou o mundo com uma grande variedade de flores, de todas as cores. Cada flor tem sua beleza, que é única. Cada um de nós também é belo aos olhos de Deus, e Ele nos ama. Isso nos faz sentir a necessidade de dizer a Deus: obrigado! Obrigado pelo dom da vida, obrigado por todas as criaturas! Obrigado pela mamãe e papai! Obrigado pelas nossas famílias! E obrigado também por nossos amigos do Centro ‘Sonnenschein’!”

Dizer “obrigado” a Deus, motivou o Papa às crianças, é uma bonita oração, porque Ele gosta dessa forma de rezar. O Pontífice, então, também sugeriu de fazer uma pequena pergunta a Deus:

“Por exemplo: Bom Jesus, poderia ajudar a mamãe e o papai no trabalho deles? Você poderia dar um pouco de conforto à avó que está doente? Poderia dar às crianças de todo o mundo que não têm o que comer? Ou ainda: Jesus, por favor, ajuda o Papa a conduzir bem a Igreja. Se vocês pedirem com fé, o Senhor certamente vai ouvir vocês.”

O autismo no Brasil e no mundo
O Centro para o Autismo “Brilho do Sol” oferece uma gama de atividades terapêuticas com uma equipe de tratamento interdisciplinar formada por médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, educadores para necessidades especiais, terapeutas ocupacionais e da música. Assim como a estrutura austríaca, o Brasil também conta com entidades voltadas à atenção das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) que oferecem um trabalho direcionado com profissionais especializados na área. A Associação Brasileira de Autismo (ABRA) é quem representa nacionalmente as associações e, no site oficial, oferece um elenco atualizado com as afiliadas, distribuídas por localidade.

De acordo com a associação, estima-se que no Brasil existam cerca de 2 milhões de autistas. No mundo, uma em cada 160 crianças tem o TEA e, com base em estudos epidemiológicos realizados nos últimos 50 anos, a prevalência parece estar aumentando globalmente. Embora o transtorno tenha sido identificado há muitos anos, a causa exata do desenvolvimento do autismo – caracterizado por desvios na interação social, comunicação e utilização da imaginação – ainda não foi descoberta, mas estudos indicam que está ligada a questões genéticas e ambientais. O TEA, segundo a Organização Pari-Americana da Saúde (OPAS), começa na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta.
As crianças autistas e Jesus

O Papa Francisco, ao se despedir do grupo de crianças e adolescentes autistas da Áustria, com as bênçãos de Jesus e a proteção de Nossa Senhora, concluiu o encontro no Vaticano com um agradecimento que também se estende às diversas realidades mundiais:

“Obrigado por essa bela iniciativa e pelo compromisso em benefício dos pequenos que lhes foram confiados. Tudo o que vocês fizeram a um só destes pequenos, vocês fizeram a Jesus!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-09/papa-francisco-criancas-adolescentes-autista-austria-vaticano.html

terça-feira, 5 de maio de 2020

‘Os surdos têm confiança na solicitude de Deus que os faz seguir adiante’

As paróquias da Arquidiocese do Rio de Janeiro onde existe a Pastoral do Surdo, por meio de seus agentes surdos e intérpretes, desde o início da pandemia e, por sua vez, do distanciamento social, vêm mantendo a dinâmica de evangelização e do “encontro” com a fé, com Deus.

Segundo a intérprete da Basílica Imaculado Coração de Maria, no Méier, Margareth Maria Lessa Gonçalves, que também faz parte da equipe de Coordenação dos Intérpretes do Regional Leste 1, estão sendo realizadas transmissões pelo Facebook ou Youtube de missas com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e elaborados vídeos da liturgia diária e de catequese incorporada à realidade da pandemia e da reza do terço.

“Além da evangelização, os intérpretes têm se esforçado também para atender os surdos no esclarecimento das informações sobre a situação da transmissão e da evolução dos casos de Covid-19, os cuidados com as fake news e ainda sobre os decretos e normas vigentes publicados pelas autoridades sanitárias”, disse.

Uma das paróquias que tem transmitido a missa dominical com a interpretação por meio de Libras é a Paróquia São Francisco Xavier, na Tijuca. A Basílica Imaculado Coração de Maria, no Méier, chegou a transmitir o Tríduo Pascal com o mesmo tipo de interpretação.

De acordo com Margareth Gonçalves, outro modo utilizado foi a interpretação posterior da missa, não ao vivo, na qual o intérprete traduz enquanto assiste a missa e grava em vídeo. Esse recurso em vídeo repassado aos surdos foi usado por um dos intérpretes da Paróquia Bom Jesus da Penha, na Penha.

“Chama a atenção a mobilização dos próprios surdos para sentirem-se unidos em oração, livres do desânimo, para dar testemunho e mostrar a fé que amam e abraçam”, disse.

Margareth Gonçalves acrescentou que os intérpretes têm ajudado na tradução, e podem até participar junto, mas as atividades como catequese, a reza do terço e o estudo e leitura da liturgia têm acontecido por iniciativa e manifestação dos próprios surdos.

Os coordenadores surdos têm ainda motivado seus grupos à participação diária e à disponibilização de links, desde orações, missas ou celebrações do Papa Francisco e de Dom Orani.

“Os surdos estão antenados com toda a Igreja, mesmo quando não há certeza de que haverá interpretação em Libras. Nem todas as celebrações ou eventos transmitidos pelas TVs católicas, apresentam tradução em Libras ou legendas em português. Tudo isso não foi motivo de desestímulo, mas fez os surdos buscarem soluções junto aos intérpretes da pastoral”, disse.

Na opinião de Margareth Gonçalves, esse é o outro lado da quarentena. As dificuldades que vieram com as condições impostas pela pandemia elevaram em mais um nível o isolamento social já vivido há muito tempo.

“Pessoas com deficiência, não só os surdos, já convivem com os efeitos da escassez de recursos e de acessibilidade. Mas, sendo conscientes das dificuldades que excluem, também confiam na graça de Deus que acolhe e propicia alternativas, nas quais acaba gerando solidariedade”, afirmou.
Outro exemplo é o uso obrigatório de máscaras praticado de forma correta pelos surdos, mas que incorpora um empecilho adicional à comunicação já precária com os ouvintes, pois não permite a leitura labial.

“Eles tiveram a ideia de carregar um papel onde gentilmente explicam ser surdos, entendem e aceitam o uso da máscara e pedem para quem precisar falar com eles baixar a máscara ou escrever. Foi o reflexo de quem vive na pele o problema, já que alguns surdos não foram dispensados de seus trabalhos e precisam circular pelas ruas”, enfatizou.

Margareth Gonçalves destacou que toda essa situação está sendo difícil para os surdos, mas certamente eles irão se adaptar a mais essa realidade.

“Os surdos têm confiança na solicitude de Deus que os faz seguir adiante. O Senhor guarda seus filhos e os inspira à presteza. Os surdos conquistam seu espaço social a cada dia, devagar, mas instigados, e aprenderam a seguir adiante, com força e fé”, concluiu.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Diocese de Santo André (SP) inclui pessoas com deficiência visual com folheto litúrgico em braile

Desde o dia 29 de janeiro deste ano, a diocese de Santo André (SP), que compreende toda a região do grande ABC no sudeste do estado de São Paulo, apresenta uma inovação voltada para pessoas com deficiência visual: criação de uma versão em Braile do folheto ABC litúrgico, que existe há 40 anos.
Segundo o bispo da diocese, dom Pedro Carlos Cipollini, e também presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a iniciativa surgiu como um apelo do oitavo Plano de Pastoral de Santo André que está baseado nos dois trilhos acolhida e missão, caminho apontado pelo 1º Sínodo da diocese, realizado de 2016 a 2017.
“Esta iniciativa vem colocar em prática este nosso plano de pastoral de incluir a todos. Que possamos ter este sonho missionário de chegar a todos. Deus abençoe a Pastoral da Inclusão em nossa diocese, todas as pessoas envolvidas e todos que vão usar este folheto”, disse.
O folheto em braile, que está sendo distribuídos às 106 paróquias da diocese, foi desenvolvido pelo Setor de Inclusão da diocese de Santo André. De acordo com o padre Claudio Pereira dos Santos, assessor diocesano do Setor Inclusão, o propósito do projeto é que a pessoa com deficiência visual sinta-se acolhida e integrada em sua comunidade.
O padre informou que o Setor Inclusão está preparando com todo carinho esse material para que chegue ao maior número possível de pessoas. “Ajudem-nos a divulgar em todas as 106 paróquias e inúmeras comunidades mais essa boa notícia em nossa diocese. Que Deus nos abençoe e nos conduza nesta linda missão”, comenta o padre, afirmando que a iniciativa é pioneira no Brasil.



Para adquirir o folheto
Para ter o folheto em mãos, a encomenda do ABC Litúrgico em Braille deve ser feita por meio do Centro Diocesano de Pastoral, pelo e-mail: centropastoral@diocesesa.org.br, WhatsApp: (11) 99981-1233, ou pelo telefone: (11) 4469-2077.