D.
Orani João Tempesta
Cardeal
Arcebispo do Rio de Janeiro
De 7 a 28 de setembro próximo teremos a
oportunidade de assistir aqui no Brasil os Jogos Paralímpicos. Acredito que
será uma ótima oportunidade de trabalhar a importância da dignidade da pessoa
deficiente e que supera seus limites e nos dá exemplos de combate e
transformação. Será educativo para as famílias levarem seus filhos para
assistir a esses jogos que, tenho certeza, mudarão muitos conceitos no coração
e na mente de nosso povo.
Na Igreja tivemos também o Jubileu das
Pessoas Deficientes. E, em geral, em todas as audiências, celebrações e visita
do Papa ele sempre encontra as pessoas deficientes, demonstrando assim a
consideração da Igreja pela inclusão desses nossos irmãos e irmãs.
Este Jubileu aconteceu em Roma entre 6 a 12
de junho e esses dias foram marcados com alguns eventos. O Vaticano fez deste
Jubileu de Pessoas Deficientes o ponto forte da metade do Ano da Misericórdia,
que o Papa Francisco iniciou em dezembro, lembrando a importância do respeito a
todos e, em especial, também pelos doentes no ensino da fé cristã e no
compromisso da Igreja.
No domingo, 12 de junho, na Missa na Praça de
São Pedro, o Papa afirmou o valor de “amar apesar de tudo”. O Santo Padre
sublinhou o fato de tantas pessoas com deficiência e enfermas se reabrirem à
vida logo que descobrem que são amadas.
Segundo o Santo Padre, muitas vezes a atitude
humana é a de confiar apenas nas descobertas da ciência, considerando que no
pensar de muitos seria “impossível ser feliz uma pessoa enferma ou deficiente,
porque incapaz de realizar o estilo de vida imposto pela cultura do prazer e da
diversão”. No entanto – realçou o Papa – “é grande a ilusão em que vive o homem
de hoje, quando fecha os olhos à enfermidade e à deficiência! Não compreende o
verdadeiro sentido da vida, que inclui também a aceitação do sofrimento e da
limitação” – disse o Papa, salientando que “o mundo não se torna melhor quando
se compõe apenas de pessoas que se acham aparentemente “perfeitas”, mas quando
crescem a solidariedade, a mútua aceitação e o respeito entre os seres
humanos”.
O Papa Francisco se referiu ainda na sua
homilia da missa a leitura do Evangelho que nos fala da mulher pecadora e
marginalizada, que Jesus acolhe e defende “porque muito amou”. Jesus está
atento às lágrimas e ao sofrimento daquela mulher: “a sua ternura é sinal do
amor que Deus reserva àqueles que sofrem e são excluídos”. “Amar apesar de
tudo” – sublinhou o Papa.
Portanto, devemos, é claro, olhar para cada
pessoa com deficiência com o olhar do Cristo que acolhe e trata bem a todos,
com o olhar e o sentimento de compaixão e do serviço. Por isso, digo: o que
pudermos fazer por estes nossos irmãos façamos com alegria e com toda a boa
vontade do mundo.
No Ângelus desse domingo, dia 12 de junho,
pronunciado logo a seguir à Missa do Jubileu dos Doentes e Deficientes, o Papa
Francisco saudou todos os doentes e pessoas portadoras de deficiência presentes
e também os médicos e técnicos de saúde que se empenharam na iniciativa “Pontos
da Saúde”: “Agradeço de modo especial a vocês que quiseram estar presentes na
vossa condição de doença ou deficiência. Um agradecimento sentido aos médicos e
técnicos de saúde que, nos “Pontos da Saúde” organizados nas quatro basílicas
papais, estão a oferecer consultas especializadas a centenas de pessoas que
vivem a marginalização da cidade de Roma”.
Também em nossa Arquidiocese, no sábado, dia
11 de junho, celebramos uma missa solene na Catedral Metropolitana, às 9hs.
Naquele momento acolhemos as pessoas com deficiência e com necessidades
especiais e, passando pela Porta Santa da Misericórdia, nos comprometemos a
viver, em gestos concretos, a misericórdia e a dedicação a estes nossos irmãos
que, com várias limitações, nos edificam com a sua fé viva e com o seu
testemunho autêntico de discípulos-missionários de Jesus Cristo. Não nos
esqueçamos, como obra de misericórdia, de ir ao encontro e dar viva atenção a
estes preferidos do Senhor.
Esse Jubileu em Roma, e em nossa Arquidiocese
no mês passado, deve nos comprometer ainda mais com a Pastoral da Pessoa
Deficiente e nos motivar a uma bela participação nos Jogos Paralímpicos. Creio
que precisamos desse sinal em nossa cidade. O valor do ser humano em todas as
situações.
Fonte:
http://arqrio.org/formacao/detalhes/1326/deficientes-e-paralimpiadas
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